Relatório sobre o livro "Brasília, a cidade que inventei"
- Matheus Rudo
- 29 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Eu ainda não tenho muito conhecimento sobre urbanismo, mas tem algo que eu gostaria de pontuar. No livro indicado pelo professor, “Brasília, a cidade que inventei”, tem um trecho que me chamou bastante atenção. No ponto 17, Lúcio Costa, determina uma ação necessária para corroborar com seu plano urbanístico. No fim do parágrafo, ele determina o seguinte aspecto “Neste sentido deve-se impedir a enquistação de favelas tanto na periferia urbana quanto na rural. Cabe à Companhia Urbanizadora prover dentro do esquema proposto acomodações decentes e econômicas para a totalidade da população. ”. Lendo isso, hoje em dia, parece cômico até, porque nós que moramos em Brasília sabemos que isso não aconteceu.
Pela definição da ONU, favelas são “ Um conjunto de moradias em que se vive sem um ou mais dos seguintes itens: água potável, instalações sanitárias próprias, segurança e número suficiente de cômodos.”. Hoje, em no DF, a cerca de 35 quilômetros de Brasília, existe a maior favela do Brasil e da américa Latina, segundo dados do IBGE. Com cerca de 80 mil habitantes, superando a favela da rocinha, com oficialmente 69 mil habitantes. É bem difícil ter um dado exato sobre a quantidade de moradores em ambas as comunidades por se tratarem de terrenos irregulares.

Na ideia original de Lúcio costa, Brasília comportaria cerca de 500 mil habitantes e hoje, mais de um quinto dessa quantidade mora só em favelas nos arredores de Brasília. O que, no meu ponto de vista, se deve ao fato de que Lúcio Costa não imaginava que tantas pessoas iriam migrar para o DF, das mais diversas regiões do Brasil. A especulação imobiliária fez com que os lotes próximos a Brasília ficassem extremamente caros, obrigando a população a se estabelecer em regiões periféricas. Dentro disso, surgem problemas como os descritos pelo professor, como a demora na locomoção, falta de acessibilidade nos centros urbanos não planejados, problema de distribuição de água, energia e captação de esgoto.
Em parte, eu acredito que Lúcio Costa foi um tanto quanto ingênuo ao achar que a companhia urbanizadora conseguiria administrar todos os processos de habitação em todo o DF e entorno. Tanto que nas suas ideias originais, todas as moradias externas a Brasília seriam dadas por meio de cidades satélites, que no começo pode até ter dado certo, mas talvez com algum tipo de padronização de cidades satélites, o resultado desastroso que temos hoje poderiam ter sido evitados.
Outro ponto que eu acho que poucos pensaram no planejamento de Brasília, foi o escoamento de águas pluviais, que hoje, colhemos os resultados com os diversos alagamentos em Brasília. Mesmo nas tesourinhas, que para mim foi uma ideia genial para a redução dos cruzamentos, são difíceis de transitar sob fortes chuvas.

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